PRÁTICAS DE INCLUSÃO
KARINE DIAS LOPES
A formação do professor e a prática pedagógicas estão em constante mudanças junto a essa transformação a escola tenta acompanhar o desenvolvimento da sociedade que evolui com os movimentos sociais e das tecnologias .
A inclusão social está cada vez sendo mais abordada tendo em vista que todos tem o direito a educação a escola prepara-se para atender a esta demanda que requer um atendimento especializado.
A prática do professor está intimamente ligada com os objetivos principais da escola, pois farão o processo educacional acontecer juntamente com os alunos. Os modelos pedagógicos seguidos nas escolas já têm uma perspectiva diferente se desvinculando do modelo tradicional e adotando uma postura na qual o professor é o mediador. Este educador não transmite conhecimento, prefere desenvolver o conhecimento tendo uma relação dialógica. Ele também é um pesquisador, pois sempre está em busca de novos conhecimentos.
Quanto mais se problematizam os educando como seres no mundo e com o mundo tais mais sentirão desafiados. Tão mais desafiados, quanto mais obrigados a responder o desafio. Desafiados, compreendem o desafio na própria ação de captá-lo. Mas precisamente porque captam o desafio como um problema em suas conexões com outros num plano de totalidade e não como algo petrificado, a compreensão resultante tende a tornar-se crescentemente critica, por isto, cada vez mais desalienada.(FREIRE,2005,p.80)
Na prática docente, o professor tem que valorizar a relação afetiva com o aluno e manter um diálogo que instigue o pensar, proporcionando interação, tornando prazerosa a aprendizagem, fazendo o aluno se sentir como peça fundamental dentro da sala de aula e que ele exerça uma função na sociedade podendo, desta forma, ser crítico. Se reconhecer como ser inacabado , sua existência será sempre assim, pois todos somos seres inacabados que buscamos sempre mais conhecimento através de nossa vivência e busca do novo. Junto ao aluno, aprendemos a ser mais humanos e não podemos pré determinar o conhecimento prévio de cada indivíduo, pois todos têm vivências anteriores à escola que devem ser valorizadas já que fazem parte do histórico do aluno.
Desta maneira, o educador já não é o que apenas educa, mas o que enquanto educa, é educado, em um diálogo com educando que ao ser educado também educa. Ambos ,assim,se tornam sujeitos do processo em que crescem juntos e em que os “argumentos de autoridade”já não valem. Em que para ser-se, funcionalmente, autoridade, se necessita de estar sendo com as liberdades e não contra elas.(FREIRE,2005,p.79)
O professor no processo de ensino/aprendizagem revela através da afetividade a disposição de oferecer diversas situações, espaços, para que todos os seus alunos possam, igualitariamente, responder as constantes indagações na busca de conhecer o mundo exterior, e assim facilitar ao aluno a sua diferenciação com relação aos objetos (Almeida e Mahoney, 2004).
Um professor que simplesmente segue um modelo ou um padrão e direciona suas aulas, indica todos os caminhos e não desafia seus alunos,impede a construção do conhecimento.O professor deve “preparar o terreno” do conhecimento para que seus alunos caminhem sozinhos estabelecendo uma relação pontuada no prazer de ensinar e de aprender.Na medida em que a escola tem o papel de propiciar o auto-conhecimento e o enriquecimento do ser humano, questões como essa precisam fazer parte da formação do professor!(DEMETERCO,2006, P.86).
A docência é sempre uma relação entre duas pessoas que interagem com expectativas, de um lado o educador que executa meios para que o educando desenvolva a aprendizagem com êxito ,de outro ,o educando que constrói a aprendizagem significativa a partir das possibilidades oferecidas por quem lhe ensina. Nesta visão a relação com o educando é uma relação intensamente afetiva, uma vez que ambos tem desejo implicado.
A formação de professores do ensino regular precisa, então, ser retomada propondo atender aos princípios inclusivos. Essa visão não se restringirá a incluir uma ou mais disciplinas nos cursos de formação de professores para Atendimento Educacional Especializado para a Deficiência Mental fazê-los conhecer o que significam esses princípios e suas implicações na organização pedagógica das escolas comuns. Para torná-los professores capazes de desenvolver uma educação inclusiva, o curso de formação de professores de ensino regular tem que acompanhar a evolução das ciências da educação que não exclui nenhum aluno. O conhecimento teórico dos avanços científicos em Educação é fundamental para que esses professores possam inovar a maneira de desenvolver o aprendizado dos alunos com e sem deficiência, nas salas de aula.
Quando se fala do professor não podemos deixar passar a formação docente, principalmente, quando nos deparamos com a inclusão de alunos com necessidades especiais no ensino regular. Primeiramente, deve-se indagar intrinsecamente se estamos preparados, se a resposta for que não estamos preparados teremos que dispor de muita vontade para pesquisar e aprender novas teorias, que virão para enriquecer a prática docente. O professor que se atualiza e pesquisa não terá tanta dificuldade em lidar com este processo, iniciando e aprendendo com o aluno “especial” como dispor da flexibilidade curricular para adequar o tempo da aprendizagem, assim o inserindo de forma prazerosa no processo educacional.
A prática da inclusão não se dá apenas colocando o aluno com necessidades especiais na sala, é muito mais, pois exige um olhar diferente primeiramente sobre nós e nossos desejos, nossa profissão e nossa perspectiva de vida. A inclusão é um processo, porque acontece aos poucos, gradativamente, vamos aproximando e deixando o outro se aproximar e desta forma vamos começar a nossa interação.
Quando se fala em inclusão escolar, ou em qualquer outro tipo de inclusão (social, de lazer, de trabalho...)o que se pensa imediatamente são as tipologias mais inversas e incomuns possíveis. Quando se pensa em inclusão escolar, pensamos na integração de pessoas com graves distúrbios, que até então estavam localizadas ou em uma escola ou em uma classe especial. Não nos damos conta da grande diversidade com que já trabalhamos nas classes regulares no nosso dia-a-dia escolar. A multiplicidade de raças, crenças, condições econômicas, nível intelectual são por si, singularidades bastante visíveis e díspares. (BRIDI, 2001,p.61)
Inclusão é um termo que tem sido usado predominantemente como sinônimo para integração de alunos com deficiência no ensino regular significando, desta forma a perpetuação da vinculação deste conceito com a educação especial. Contudo, mesmo com muitas discussões quanto ao seu significado, já existem algumas implicações consensuais que estão subjacentes à sua definição.
Existe um consenso entre os estudiosos de que inclusão não se refere somente às crianças com deficiência e sim à todas as crianças, jovens e adultos que sofrem qualquer tipo de exclusão, seja dentro das escolas, salas de aula quando não encontram oportunidades para participar de todas as atividades escolares.
A escola não pode ter uma visão seletiva, atendendo os alunos que alcançam minimamente os conteúdos e critérios de avaliação. Um bom aproveitamento no processo de aprendizagem não deve ser tratado de modo não-interdependente. A escola inclusiva que defende a educação como direito de todos , pois é possível escolarizar os alunos em um mesmo contexto, desde que, diferenciadas as estratégias pedagógicas (Macedo, 2005).
Nessa escola inclusiva e includente – que promove a integração dos aprendizes e os fazem sentirem-se felizes e pertencentes a um grupo -, os alunos falam, movimentam-se, questionam-se, trazem a vida para dentro da escola. E os professores dela participam, transformando o processo de ensino-aprendizagem numa construção de conhecimento coletiva e agradável.Todo esse movimento contribui para a melhoria da qualidade da resposta educativa das escolas e também para o desenvolvimento de habilidades e competências dos educadores e dos alunos.(CARVALHO,2006,p.16)
O processo inclusivo implica uma escola com uma política participativa e uma cultura, onde todos os componentes da comunidade escolar são colaboradores entre si, ou seja, apóiam-se e aprendem uns com os outros a partir da reflexão sobre as práticas docentes. A inclusão pressupõe um maior envolvimento entre a família e a escola, entre a escola e sociedade, onde todos buscam uma educação de qualidade para todas as crianças.
A inclusão não depende de diagnóstico de deficiências baseadas em níveis de habilidades/capacidades do aluno e não discrimina nenhuma criança com base nas suas especificidades individuais. Ao invés disso, a inclusão cria oportunidades contínuas para todos os alunos aprenderem por meio do uso de estratégia diferenciada.
A inserção de uma pessoa que apresenta uma deficiência, num determinado meio social só poderá ser considera inclusão se atendida as suas necessidades sendo elas das mais diferentes formas. Acredito que o enfoque das relações sociais é um grande desafio tendo sucesso através da capacidade de unir as diferentes áreas da sociedade sendo estas: educação, saúde, psicologia e serviço social. Desta maneira poderá assim formar um meio social no qual o deficiente mental tenha a oportunidade de estar interagindo.
O que mais podemos estimar é que os educadores possam ter uma visão além das aparências percebendo a importância da inclusão na vida do aluno com necessidade especial. Tendo em vista que ele terá possibilidade de convívio social e assim tendo as mesmas possibilidades que os demais cidadãos. Para que possamos ver isso acontecer temos que estar presente no processo educativo disposto a receber o aluno com Necessidades Especiais, mesmo se esta não foi uma opção acadêmica, mas sim a opção que devemos ter bem clara que todos têm os mesmos direitos independente da forma física ou a síndrome aparente.
O atendimento educacional especializado garante a inclusão escolar de alunos com deficiência, na medida em que oferece a aprendizagem de conhecimentos, técnicas, utilização de recursos informatizados, para que aprenda na sala de aula das escolas regulares. Os métodos são necessários e mesmo imprescindível, para que sejam superados os obstáculos de certos conhecimentos das linguagens.
Tendo em vista o processo inclusivo deve-se pensar de que forma a escola adequará os materiais para os alunos com limitações físicas, problemas de comunicação oral. Para auxiliar o professor na sala temos as tecnologias assistivas nomenclatura esta que serve para designar todo o serviço e recurso que proporcione o melhor desenvolvimento das habilidades de pessoas com deficiências visando à inclusão. Estes serviços e recursos proporcionam às pessoas com necessidades especiais melhoria na vida diária, na comunicação e mobilidade.
Na vida diária auxilia como recurso a serviço do desenvolvimento da autonomia em tarefas simples como se alimentar, trocar de roupas, folhear um livro e recortar uma folha.
No âmbito escolar é uma alternativa para adaptar materiais de uso freqüente como a tesoura, lápis, livro, brinquedos e jogos. Aos alunos com problemas de comunicação tem como desenvolver suas potencialidades através da construção das pranchas de comunicação são constituídas de simbologias, tais como: letras, palavras, desenhos que podem expressar desejos e sentimentos, é importante que os signos tenham significado a criança.A escola deve estar preparada também com a sua estrutura arquitetônica, pois isso também seria uma tecnologia assistiva levando em consideração que proporciona acesso ao aluno com deficiência física a todos os espaços da escola. Além da preparação da acessibilidade do prédio a escola deve dispor de classes que acomodem o cadeirante junto ao grupo de colegas, desta forma, excluindo a possibilidade deste aluno se sentir fora do grupo.
Os recursos servem para que os alunos com deficiência possam aprender nas salas de aulas comuns do ensino regular. Assim sendo, esse atendimento não é facilitado, mas facilitador, não é adaptado, mas permite ao aluno adaptar-se as exigência do ensino comum, não é substituído, mas auxilia na complementação do ensino regular.
A primeira condição para a educação inclusiva não custa dinheiro: ela exige uma nova forma de pensar.Precisamos entender que as crianças são diferentes entre si.Elas são únicas em sua forma de pensar e aprender.Todas as crianças, não apenas as que apresentam alguma limitação ou deficiência, são especiais.Por isto, também é errado exigir de diferentes crianças o mesmo desempenho e lidar com elas de maneira uniforme.O ensino deve ser organizado de forma que contemple as crianças em suas distintas capacidades(BEYER,2006,P.28)
Há hoje escolas inclusivas que utilizam como método de auxílio a este aluno com necessidades educacionais especiais, as salas de recursos, onde tem disponível materiais e profissionais para ajudar o aluno que apresenta alguma dificuldade de aprendizagem. Este recurso pode ser utilizado somente no momento que o educando tiver alguma dificuldade específica como também poder ser um atendimento de uso contínuo, isso irá depender da decisão do professor, posteriormente, o sujeito irá apresentar um avanço no processo de aprendizagem, pois terá métodos facilitadores para melhor compreensão dos conceitos adquiridos mostrando um melhor rendimento no processo avaliativo.
A presença dos alunos reconhecidamente “diferentes” no ensino comum pode contribuir para que os questionemos sobre a real capacidade da escola e dos sistemas educacionais, no sentido de promover a educação dos alunos em geral. As mudanças necessárias transcedem o nível da didática e segundo acredito, exigem prioritariamente uma discussão ética sobre as possibilidades e os limites do ato de ensinar/aprender. Tais mudanças exigem investimentos contínuos e dependem ,em grande parte , da existência de projetos políticos–pedagógicos que dêem suporte às mudanças legislativas, as quais se ocupariam da criação de normas de escasso valor, se tomadas com obrigação pura e simples (BAPTISTA, 2006, p.91).
A relação professor e aluno mostrou o quanto é importante o vinculo afetivo, pois desta forma podemos chegar até ele e incentivá-lo através de laços muito fortes trazendo segurança, fazendo com que sinta-se valorizado fazendo parte do contexto da sala e da vida do professor. Nesta relação todos tem desejos,um lado o professor em ensinar o aluno e o outro o aluno em aprender, quando neste desejo há uma relação afetiva entre ambos o caminho torna-se mais curto e o processo de aprendizagem colhe frutos desta relação.